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30 de jan. de 2014

Educação Superior em cursos de 2 anos


Um tema recorrente e que aqui no Brasil ainda é alvo de muito preconceito. Não me canso de ver anúncio de emprego / estágio de grandes empresas exigindo cursos de 4 anos, como se a formação de 2 anos fosse inferior ou menos qualificada.

Alguns concursos públicos, vejam a contradição, não admitiam tecnólogos apesar de ser um curso oficial aprovado pelo MEC e pelo governo. Recentemente, vi um concurso onde isso havia sido resolvido, porém o salário era menor para a carreira onde o concursado fosse tecnólogo. Podemos melhorar aqui....

A reportagem abaixo é excelente e deveria ser lida, entendida e aplicada abrangentemente aqui no Brasil.

Nos EUA, faculdades de dois anos atendem mais de 50% dos alunos

José Tadeu Arantes
Da Agência Fapesp 30/01/2014 08h56

Metade da educação superior dos Estados Unidos é provida por faculdades que oferecem cursos de curta duração. Os community colleges, com cursos de dois anos, recebem de 55% a 60% dos calouros.

E essas escolas, que antes eram consideradas opções apenas para alunos pobres ou provenientes das "minorias étnicas" (negros, latinos etc.), atraem cada vez mais os filhos da chamada "classe média branca", em um país em que todo o ensino superior é pago e caro – e em que a dívida estudantil se tornou a segunda maior dívida das pessoas físicas: perde para a dívida imobiliária, mas é maior do que a dívida com cartões de crédito.

O assunto foi tema da pesquisa "Estados Unidos: educação superior como política de desenvolvimento – papel dos community colleges, de Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes, professor titular aposentado do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp).

Realizado com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o estudo deverá ser publicado em livro este ano, pela Editora da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Deverá sair na coleção de estudos internacionais mantida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-Ineu).

"Enfoquei o papel dos community colleges na educação superior americana e o papel da educação superior americana no desenvolvimento dos Estados Unidos. Como pano de fundo para a investigação dos community colleges, procurei fazer uma reconstrução da educação superior americana desde o início do século XIX: como as velhas faculdades da época colonial se encontravam quando os Estados Unidos conquistaram sua independência; quais eram os desafios enfrentados pelo sistema educacional; e como ele se estruturou, etapa por etapa, a partir de então", disse Moraes à Agência Fapesp.

Os community colleges surgiram no começo do século 20, com o objetivo de transpor o fosso que havia entre o ensino médio e o ensino superior.

"A escola média norte-americana, a high school, que se massificou no começo do século 20, não é bem uma escola preparatória para o ensino superior. Ao contrário do que ocorre no sistema europeu, sobretudo o francês e o alemão, em que o ensino médio é muito importante e de muito alta qualidade, a high school norte-americana era, e continua sendo, muito frágil", disse Moraes.

Uma formação equivalente à do liceu francês ou à do ginásio alemão, de acordo com Moraes, só é obtida, nos Estados Unidos, nos dois primeiros anos da faculdade.

"Os community colleges surgiram para cobrir esse vão, cumprindo papel propedêutico. Na ocasião, chamavam-se junior colleges, em contraponto às faculdades de quatro anos, chamadas de senior colleges", disse Moraes.

Os community colleges modificaram-se ao longo do tempo, agregando cursos com vocação profissionalizante, e deslancharam depois da Segunda Guerra Mundial, quando o Estado federal assumiu um papel muito grande na massificação do ensino superior.

Até essa época, o ensino superior norte-americano era dominado pelas universidades privadas, que são, até hoje, as instituições de maior prestígio, como Harvard, Stanford, Columbia, Princeton, Yale, MIT, entre outras.

"O núcleo duro da educação superior norte-americana era esse setor privado. Isso mudou completamente depois da guerra. Houve uma massificação muito grande, promovida pelo governo federal por meio de políticas de inclusão. Por exemplo, foram distribuídas maciçamente bolsas aos soldados veteranos para que eles pudessem cursar faculdades. Foi uma revolução que mudou a composição do ensino superior, que passou a ser predominantemente público", disse Moraes.

No setor público cresceu, concomitantemente, o ensino superior de curta duração. Ele confere um diploma ao fim de dois anos e possibilita que o indivíduo tente, depois, uma complementação de dois anos em uma faculdade de longa duração. Há programas muito detalhados de articulação e transferência, permitindo que, mediante avaliação, os dois anos feitos nos community colleges sejam reconhecidos nas faculdades de longa duração.

Segundo Moraes, os estudantes de cursos superiores norte-americanos distribuem-se, grosso modo, na seguinte proporção, segundo dados de 2011:

Escolas privadas sem fins lucrativos mantidas por fundações (como Harvard, Stanford, Columbia, Princeton, Yale e MIT): 19% dos estudantes
Escolas privadas com fins lucrativos mantidas por grupos empresariais: 9%
Escolas públicas (englobam as grandes universidades estaduais, como a Universidade da Califórnia, a Universidade do Texas, a Universidade da Flórida, e cerca de 1.100 community colleges): 72%
Vale lembrar que as escolas públicas também são pagas, embora haja elevado número de bolsistas. E que os recém-formados já ingressam no mercado de trabalho com grandes dívidas resultantes do custeio de seu estudos.

"É um sistema contraditório, que, por um lado, resolveu de modo satisfatório o problema da descentralização geográfica, elemento fundamental de democratização, propiciando ao candidato ter uma escola a pelo menos 50 quilômetros de sua casa, de modo a não precisar mudar de cidade para acessar o ensino superior; e que, por outro lado, possui distorções gravíssimas, sendo muito elitizado, hierarquizado e dependente de recursos problemáticos, como a economia da guerra, antes, e o endividamento estudantil, agora", disse Moraes.

O pesquisador citou o caso de Harvard como exemplo da elitização. "Uma graduação em Harvard custa, em média, US$ 40 mil anuais (quase R$ 8 mil reais por mês), só com o preço da faculdade, sem contar moradia, alimentação, material didático e outras despesas – o que, para a média das famílias americanas, constitui um gasto absolutamente inviável", disse. "Claro que as universidades públicas são bem mais baratas, mas seu custo subiu muito mais do que o aumento da renda média das famílias nos últimos anos."

Perto de 120 universidades compõem o pelotão de elite do sistema – e incluem grandes universidades estaduais. São elas que concentram cerca de 70% dos doutorados, 70% das verbas de pesquisa e de onde saem os principais quadros intelectuais do país, afirmou o pesquisador.

Publicação

Conforme escreveu Moraes no livro que será publicado (ao qual a Agência Fapesp teve acesso), a pesquisa realizada por ele buscou compreender a estrutura e a história da educação superior norte-americana, tentando mostrar como se formou, passo a passo, "um conjunto de dispositivos que enfrentavam desafios mutantes: formar as elites, incorporar os imigrantes e americanizá-los, fornecer força de trabalho qualificada, inventar e inovar, gerar uma cultura hegemônica para uma nação com inclinação imperial".

A narrativa, que segue a ordem cronológica, deixa de lado o período colonial e toma como ponto de partida o momento de formação da jovem república, nas primeiras décadas do século 19. E delimita as etapas subsequentes com base em dois grandes eixos conceituais.

Primeiro, os fatos notáveis que constituem a superfície visível e imediata da história, como a Lei Morrill, que criou uma rede de escolas superiores no país mediante a doação de terras federais, ou o ato de reinserção dos veteranos, o G.I. Bill, que massificou o sistema de ensino superior depois da Segunda Guerra Mundial, colocando o setor público e, principalmente, o governo federal e os governos estaduais como protagonistas da expansão.

O segundo eixo abrange as transformações de longo prazo da sociedade norte-americana, com redirecionamentos e efeitos perceptíveis a cada três ou quatro décadas, como as mudanças demográficas, econômicas, na estratificação social, no aparecimento de processos e produtos marcantes, identificadores de uma era (a ferrovia, o automóvel, o avião, a informática e a telemática, a biotecnologia etc.).

26 de jan. de 2014

Mudança em Domínios de Primeiro Nível

Publicada em 23/01/2014 13:55 em IDG Now!

A ICANN – Internet Corporation for Assigned Names and Numbers divulgou esta semana já ter incorporado mais de 100 novos domínios genéricos de primeiro nível (gTLDs) à raiz da Internet. São domínios prontos para serem vendidos e usados pelos usuários a partir do próximo dia 4 de fevereiro.

Recapitulando, desde que a ICANN abriu a possibilidade de empresas registrarem novos gTLDs, em junho de 2011, a entidade recebeu mais de 1.900 solicitações (veja a lista completa), incluindo, aqui do Brasil, os pedidos para registros dos domínios .RIO, .GLOBO, .VIVO, .IPIRANGA, .ITAU, .BRADESCO,.NATURA e .UOL, entre outros, como .BOM e .FINAL. A maioria deles já passou pela primeira das três etapas do processo de registro.

Pois bem, nas últimas 11 semanas, 107 desses novos gTLDs, já aprovados em todas as etapas do processo de registro, foram introduzidos na raiz da Internet, que opera hoje com apenas 22 gTLDs, incluindo os tradicionais .COM, .ORG e .NET. Entre esses novos domínios estão .GIFT, .LINK, MARKETING, .SOCIAL, .MODA, .EMAIL, .SEXY, .CAMERA, .BIKE e .GURU.

Os primeiros deles começaram a ser liberados em outubro de 2013, quando, pela primeira vez na história, a Icann permitiu endereços em caracteres não latinos. Foram:

شبكة (xn – ngbc5azd) – árabe para “web/rede”
онлайн (xn – 80asehdb) – cirílico para “online”
сайт (xn – 80aswg) – cirílico para “local”
游戏 (xn – unup4y) – Chinês para “jogo(s)”

Essa delegação de gTLDs de script não latinos é um bomexemplo dos esforços da ICANN para criar uma Internet verdadeiramente global, independentemente do idioma ou região.

A maior mudança na internet desde o seu início

Na verdade, a  importância da criação de centenas de novos gTLDs vai muito além do aumento de possibilidades na escolha de nomes de domínio disponíveis. Significa que a Internet está se reformulado.

Nas próximas semanas e meses, vamos ver novos nomes de domínio sendo usados em  todos os cantos do mundo, trazendo pessoas, comunidades e empresas para a Internet de uma forma que nunca imaginamos.

As empresas poderão definir melhor suas identidades online. Indivíduos em todo o mundo poderão experimentar a navegação Web inteiramente em suas línguas nativas. Comunidades surgirão com base em interesses comuns ou geografia.

Os 100 registros de gTLDs já delegados operam a partir de 9 países, cobrem 7 idiomas e 2 comunidades (.WIEN e  .BERLIN. Estas estatísticas são exemplares, especialmente quando se considera que estes são apenas uma fração dos potenciais novos gTLDs (existem mais de 1.300 possibilidades ainda em análise).

Do total, apenas um punhado de novos domínios são termos genéricos, como .WEB e . APP  (com 13 candidatos).  Domínios não latinos respondem por 116 dos pedidos. Os geográficos (tais como .NYC e. LONDON) são 66. E 485 são domínios de marcas como . KPMG e .BMW. A maioria dos domínios solicitados destina-se a pequenos grupos específicos, e em inglês, como  .build, destinado a construtoras, .college para instituições de ensino e .wedding para casais.

Outro benefício dos novos domínios é tornar mais fácil para os buscadores a localização dos sites na Web. Um site chamado ladygaga.tickets, de acordo com esta teoria, teria uma classificação mais elevada nos resultados de busca do que ladygagatickets.com.

A Web de guetos

Mas a mudança não tem só aspectos positivos. Os mais críticos argumentam que caso não seja feita com o devido cuidado, os benefícios acabarão sendo superados pelos efeitos colaterais, como a  concentração da Internet nas mãos de poucas empresas com maior poder econômico, a exemplo do que acontece hoje. Só a Google propôs o registro de 101 gTLDs. A Amazon, por sua vez, 76.   Já a Donuts  pediu  307 novos domínios. Muitos deles foram contestados e ainda estão em análise.



Os defensores do novo modelo dizem que muitos requerentes de gTLDs são pessoas com pouca experiência no negócio de nomes de domínio, que investiram na apenas em um ou dois domínios que eles esperam desenvolver. O que, por si só, já garantirá uma Web menos concentrada.

Mas a questão não é tão simples.Por exemplo, há casos em que vários candidatos reivindicaram um mesmo gTLD.  A forma encontrada para resolver a disputa foi o leilão. E aí, segundo os críticos, concorrentes menores, com menor poder econômico, certamente irão perder as disputas. Alguns críticos temem práticas anti-concorrenciais.

Outro problema no horizonte é o aumento da colisão de nomes.  O tópico colisões de nomes recebeu uma atenção considerável nas comunidades de DNS e da Internet nos últimos meses. Uma colisão de nome ocorre quando uma tentativa de resolver um nome usado em um espaço de nome privado (por exemplo, um Domínio de Primeiro Nível não delegado ou um nome curto não qualificado) resulta em uma consulta de DNS no DNS público e há a constatação de um nome semelhante no DNS público.

A ICANN está tomando medidas para aliviar sintomas desse problema. Essas medidas são publicadas em um Plano de Gerenciamento para a Ocorrência de Colisão de Novos gTLDs e têm como objetivo fornecer tempo para as organizações:

Investigar seus espaços de nomes internos a fim de identificar se eles estão enviando consultas, incluindo TLDs não delegados à raiz do DNS público
Avaliar se essas consultas representam um risco inaceitável para suas organizações e
Determinar como os riscos podem ser mitigados.
As medidas da estrutura que a ICANN e os solicitantes de novos gTLDs implementarão são medidas de contenção e diagnóstico, mas elas não tratam a causa subjacente.

A ICANN advoga que tratar a causa é uma decisão e responsabilidade das organizações que usam nomes privados e/ou nomes curtos não qualificados.