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8 de abr. de 2016

O impacto das Fintechs na definição do futuro do mercado financeiro


As fintechs já estão no mercado há um longo tempo. O que há de especial agora então? Para responder esta questão precisamos pensar um pouco no tipo de produtos e serviços que estão sendo oferecidos por estas empresas, qual o público-alvo e porquê isso vem tirando o sono das instituições financeiras.

Mais do que simplesmente desenvolver novos sistemas ou atualizar sistemas legados para as instituições financeiras, as Fintechs começaram a desenvolver e colocar no mercado seus próprios aplicativos e soluções integradas para competir diretamente com elas. São aplicativos de pagamentos móveis, transferência de recursos, serviços de cartão de crédito e, em alguns casos, até mesmo a abertura e manutenção de contas corrente completamente digitais, que inclui serviços como empréstimos P2P, financiamento, seguros, entre outros. Neste modelo, o cliente já não precisa de qualquer interação física com as instituições. E por oferecerem seus serviços e atendimento ao cliente através do mundo digital, sem precisar de agências, as fintechs têm oferecido serviços a uma fração do custo de produtos bancários tradicionais, como é o caso do Nubank, com seu cartão de crédito sem anuidade. Além disso, os bancos não têm mostrado a mesma capacidade de se adaptar rapidamente as mudanças do comportamento do consumidor digital, algo que a fintechs conseguem – e muito bem.

Algo que também vem forçando bancos a repensar seus modelos de negócio são as crescentes demandas regulatórias. Diante de orçamentos mais apertados e preocupados em atender as principais normas e regulamentações do mercado, estas instituições estão sim à procura por formas de melhorar a eficiência e reduzir os custos. Contudo, seus processos pesados – e até engessados – fazem com que a tomada de decisão e a consequente implementação de novas ideias se tornem uma tarefa árdua e lenta, constituindo outro desafio para os bancos. E nisso, a agilidade das fintechs, com seus processos enxutos e sua cultura voltada a inovação, é outro fator que tem contado a favor de seu rápido crescimento.

Tudo isso sem falarmos das chamadas cripto-moedas, ou seja, o dinheiro digital, que já fez com que grandes instituições como Goldman Sachs e JP Morgan iniciassem projetos globais para aumentar a eficiência da negociação e liquidação de ativos.

Só no Brasil, o número de usuário que utilizam smartphones superou a marca de 76 milhões no terceiro trimestre de 2015. A maioria das pessoas prefere a agilidade e a comodidade dos aplicativos disponíveis para estes dispositivos. Inclusas neste crescente número, temos a chamada Geração Z. Pessoas que nasceram e cresceram junto com a World Wide Web (1990) e a explosão e popularização dos dispositivos tecnológicos até o fim de 2010. Essa exigente e altamente digital massa de clientes já não se satisfaz apenas com modelo tradicional oferecido pelas instituições financeiras, e por isso estão mais dispostos a experimentar novos produtos e serviços bancários, mesmo que de empresas que ainda não contam com um sólido reconhecimento de marca, como os bancos tradicionais têm. É essa a geração de nativos digitais que fará a diferença e definirá quais empresas ainda existirão num futuro que já começou.

Em 2015, algumas Fintechs do Reino Unido conseguiram até mesmo licenças bancárias sob o aval do governo e dos reguladores do mercado e foram autorizadas a expandir seu portfólio de produtos e serviços móveis, aumentando a competitividade no setor. Dado a velocidade das mudanças tecnológicas e nos serviços financeiros, organizações financeiras, mesmo que já estabelecidas no mercado e perante seus clientes, não podem se dar ao luxo de ignorar as ameaças ou oportunidades que as fintechs representam.

De acordo com um recente relatório feita pela PwC, (Blurred Lines: How FinTech is Shaping Financial Services), até 2020,  mais de 20% dos negócios de serviços financeiros podem estar em risco por causa de FinTechs emergentes, por isso, agora mais do que nunca, as instituições financeiras precisam mudar seu mindset para atenderem as necessidades do consumidor digital, integrando a digitalização de seus processos ao seu DNA corporativo. E segundo esse mesmo estudo, as formas de conseguir isso são: colocar uma metodologia FinTech como centro de sua estratégia, adotar uma abordagem mobile-first, colaborar com empresas FINTECH e compreender a fundo os desafios regulatórios.

Os consumidores modernos estão cada vez mais comparando a experiência bancária digital de seu banco com a de empresas como Apple, Amazon e Google – que não ficaram famosas por seus serviços bancários, mas que, assim como as fintechs, também têm tirado o sono de muitas organizações tradicionais de serviços financeiros. As instituições financeiras que não definirem e iniciarem uma real estratégia digital para os próximos anos enfrentarão sérios problemas para permanecerem rentáveis neste mercado.

Este artigo foi publicado originalmente em Computerworld.com.

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